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inventou se um narrador personagem, e autoral...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

...ainda

...tem vezes que eu caminho a sua rua,
compro um café e converso algumas palavras com o vento,
falo de nós

em verdade, você sempre foi de poucas palavras

esses dias olhando alguns livros,
optei por comprar aquele que por duas vezes caiu no chão,
inclusive uma das personagens parece ter a sua voz

ainda supõe um reencontro aquele desvio,
a ponte

desde aquela noite, tem um pouco daquele rio nos meus olhos




quarta-feira, 21 de maio de 2014

sobre um encontro

confesso, ontem, eu imaginei toda essa conversa,
até o silêncio...

no elevador, oitavo andar, corredor,
desde o estacionamento cada passo foi pensado

cada pedaço de mim tinha uma função,
até mesmo os exageros eram propositais

tudo,
inclusive as vontades soltas e despretensiosas

só esse despreparo em acordar sem te acordar é o que eu não consegui ensaiar


segunda-feira, 19 de maio de 2014

sobre os atropelos

desde que te dei um oi pensando em como te pedir um beijo,
as coisas foram assim

fomos atropelando tudo,
nos precipitando

tu nem sabia onde eu trabalhava e nós estávamos namorando,
eu nem conhecia os teus pais e nós decidimos procurar uma casa para alugar,
e eu nunca desconfiei que tu fingia gostar dos filmes que eu escolhia pensando em te agradar

fomos imaginando viagens,
idealizando sonhos,
projetando uma felicidade para dois mil e dezenove
e esquecemos de nós aqui, nesse instante...

penso em como seria bom te amar agora,
e mesmo que não fosse possível ser feliz(para sempre), estar feliz(hoje), me bastaria


domingo, 18 de maio de 2014

desacostumando

e fomos teimando,
quiçá sem querer, inconscientes...

antes era uma falta de jeito com os botões da tua blusa,
depois a bagunça que eu deixava no quarto,
ou a pizza de calabresa que tu ainda insistia em pedir todo bendito sábado

lembro do primeiro jornal que comprei saindo do apartamento novo para o trabalho,
foram dois anos e meio com essa rotina

...hoje fazem três meses que eu não sei o que é comprar um jornal



quinta-feira, 8 de maio de 2014

parece ontem, mas é só a vida se repetindo

deixei um pouco dos atrasos para amanhã,
hoje eu ainda posso chegar cedo em casa e olhar aquele filme contigo

sempre me atrapalho com nomes

a nossa rua era a terceira à direita depois da farmácia,
e a casa era a quinta, ainda à direita, depois da esquina

na segunda casa à esquerda depois de entrar na nossa rua, a mesma vizinha, na mesma janela

abro o portão, entro,
hoje era a sua vez de se atrasar...


quinta-feira, 1 de maio de 2014

um outro outono

um pouco menos frequente
e com bem mais culpas

o mesmo cais e seus fantasmas

não fossem outras buscas,
outros desvios

o retorno ainda é uma outra falha

me assento, sinto...
sempre é uma outra despedida querer te encontrar




sábado, 26 de abril de 2014

sobre noções de tempo

...almocei o teu nome,
me custou esquecer que ainda era meio dia

as horas muito pouco me obedecem

antes do entardecer de hoje estaremos juntos,
e tu caminharás comigo até a lua

até as vinte e uma horas é preciso não ter pressa



quinta-feira, 24 de abril de 2014

sobre alguns porquês

e vez em quando a cura é um pouco de caos,
orbitar cansa...

preciso alem da reciproca, da dúvida

encanto e medo,
como relâmpagos

só as coisas que não tenho nas mãos os meus olhos buscam



sexta-feira, 18 de abril de 2014

lapsos

...sempre fomos um quase

e tudo o quanto poderia ter sido e não foi,
mora no mesmo lugar para onde foram os guarda-chuvas esquecidos em salas de espera


sobre permanecer

tal contentamento, raro e ou extinto,
que talvez eu congele a minha alma...


sobre o que ainda não terminou

tanto tempo entregue em um abraço...

estamos caminhando,
depois de digitar uma desculpa em um sms tua pressa se desfez,
ainda lembro cada letra do teu sobrenome

falamos de algumas coisas nossas,
de uma rua qualquer,
e sobre a escolha do nome do teu shih tzu

eu ainda não comprei o meu jornal,
combinamos de almoçar no sábado, e nos beijamos


quarta-feira, 16 de abril de 2014

reencontro

e por mais que eu tente, me atente...
é no descuido
e sempre de maneira despretensiosa

esses dias o céu era todo azul,
fui buscar um jornal depois de tomar um café
e na outra esquina, como quem tem pressa, você

esbocei por uns três segundos um oi, um bom dia,
uns dois anos atras um beijo simplificaria tudo,
enrolado, apenas caminhei em tua direção


domingo, 13 de abril de 2014

sobre continuar

por querer diminuir,
ou até mesmo substituir certos incômodos,
ela foi se afastando de algumas vontades...

ainda desadaptada,
segue amontoando coisas e espalhando outras

engavetou algumas fotografias,
depois recolheu algumas xícaras pelos cômodos da casa

jantou, deixou a louça em cima da pia, saiu, foi olhar um filme com alguns amigos


enquanto tu sorri

garanto,
ainda que nossas horas não sejam iguais,
propositar demoras,
alongando a causa e sempre considerando a probabilidade de repeti-la...


paisagem lacustre

o sol
parecia beijar
as epidérmicas águas
de formas corpóreas do lago

pequeninas flores lacustres
brotavam
como o abrir de um sorriso em um pós beijo

flutuavam por sobre o lago encantadas com essas lindas flores miudinhas,
ingênuas libélulas

enciumado,
o sol escondeu se temporariamente por entre as nuvens...


sábado, 12 de abril de 2014

barcaroleando

no meio do rio, uma folha; no meio da folha, uma cigarra

esta, cantarolando, ia ao encontro de suas amigas formigas
que festejam o término dos trabalhos com a chegada do inverno...


quinta-feira, 3 de abril de 2014

dos incidentes

e por um bom tempo houve uma sincronia que nos continuou...

eram trocas,
as semelhanças nos aproximavam,
cada peça encontrava um encaixe, tudo se relacionava;
tu sempre coube nos meus abraços e eu sempre encontrei sossego no teu colo

fomos absorvendo tanto um do outro que não satisfeitos em nos transbordar, nos derramamos

segunda-feira, 31 de março de 2014

como uma gripe

acordo,
é uma quinta feira,
na cozinha vejo que você já foi

tomo um café enquanto abro o seu e-mail...

se bem me lembro,
foi pouco menos de um mês,
um encontro no cinema,
um jantar,
uns dias acamados,
febre... e um cuidando do outro

...de repente, não se sente mais nada


dos medos

temo o meio,
ou melhor, temo me acomodar com o meio

ainda que mude o rumo, o que me amedronta é não seguir...


sábado, 8 de fevereiro de 2014

das insistências

...a febre morou muitos dias no teu nome
e hoje outra vez me faz companhia

um bom tanto de mim ainda reage da mesma maneira
outros tantos se descuidam

ficou claro que esquecer não era uma ação provocada
e sim algo involuntário,
desapercebido

e lembrar usava desse mesmo método em quase todos os instantes


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

sobre as proporções

e o pouco
por vezes nos faz tanto,
e por mais que se precise, se anseie,
aquela dose sacia...

é uma voz no telefone,
e ainda que distante, aquilo nos aproxima consideravelmente do sossego


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

sobre essa bagunça

foi sem pedir licença
e desajeitado
confundiu os degraus, e esbarrou na minha distração
o teu amor desarrumou as minhas coisas...

então o tempo com o costume de ajeita las,
deixou a saudade no seu lugar


sábado, 25 de janeiro de 2014

adultério

calculo que seja uma imprudência um banho de chuva,
um descuido,
ou algo mais célico,
no qual as coisas se atrapalham
e nos desorientam,
e assim andamos três quadras ou mais

desci do ônibus, como de costume depois do trabalho,
obviamente sem prever aquela chuva toda

logo nos primeiros passos ela juntou se a mim

dentre as regras e os bons modos,
antes de ir cada um pra sua casa, sorrimos e muito

provavelmente minha noite vai ser gasta com café e imaginações
e talvez eu saia pra caminhar...


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

dos enganos

considero, que era então desnecessário, aquilo
que em determinado momento deixou de fazer falta

era dispensável,
ou qualquer outra coisa poderia substituir

era um improviso

eu tinha sede,
e tu fostes apenas uma embriaguez,
no outro dia eu acordei ainda com mais sede


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

dos funcionamentos

e quando a mente cansa...

algumas coisas são apenas impraticáveis, 
não que sejam impossíveis, mas faltam lhes maneiras de se fazer,
faltam lhes encaixes

raro, o tempo que se emprega em coisa que podia não ser outra, 
nada mais mutável que nós mesmos, 
e nossas possíveis escolhas e rumos...

da mente do ser humano, até a ancora deve estar a deriva


domingo, 12 de janeiro de 2014

das casualidades

ouvi dizer que de vez em quando
e de maneira aleatória, um carinho estaciona e se acomoda,
e surgem flores novas no jardim

acho que foi sem querer, mas a intenção era essa

sem esperas,
sem relógios...

amor só aparece quando o tempo nos esquece



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

sobre a felicidade

aceitar o pouco e sorrir, mera acomodação

felicidade é um caminho que a gente nunca vai terminar
passa por aquela angustia de querer coisas, depois outras coisas
não se trata de esquecimento, mas de acúmulos

ser feliz é desejar, criar sonhos, prosseguir
ser feliz é nunca estar concluso, é sempre ter algo por fazer

felicidade é um querer que não tem fim